A ciclovia da avenida Paulista será inaugurada no próximo domingo. Mas, há alguns dias ciclistas invadem a pista para trafegar. Eles dizem estar animados com a novidade. E se arriscam entre blocos de concreto e restos de obra na ânsia de explorar a via.
Quem opta por este trajeto, em geral, defende as pistas segregadas alegando falta de segurança para quem pedala. A contradição está nessas mesmas pessoas seguirem pela via sem a liberação. Pode haver uma barra de ferro pelo caminho. Não é difícil derrapar nos trechos em que ainda há areia.
Quando o poder público constrói uma ponte ou um túnel, os carros não invadem a obra porque os motoristas estão ansiosos para usar um caminho novo, mais curto. O respeito ao bloqueio deve existir para todos, sejam veículos motorizados ou não.
Outra incongruência também envolve ciclovias. Um grupo defende que catadores de lixo com seus carrinhos e carroças dividam o espaço destinado às bicicletas. Além de ir contra as indicações existentes no Código de Trânsito Brasileiro, o protesto é no mínimo polêmico. Durante a noite, algumas pistas foram pintadas com o símbolo do catador para indicar que ele deve ter o direito de circular por ali.
Para justificar a ideia, esse grupo comete um ato de vandalismo. Ninguém tem o direito de pintar ruas, prédios, monumentos, independentemente da causa defendida.
Protestar é um direito de todos. No entanto, é necessário cuidado para que os atos sejam lícitos. Dificilmente, alguém discorda da importância dos professores serem bem remunerados ou dos operários de uma fábrica terem condições dignas de trabalho. Contudo, o apoio da comunidade ao movimento termina quando manifestantes tomam as ruas e impedem a circulação pela cidade.
O ato deve ser coerente ao que é reivindicado. E, na maioria das vezes, o que se pede em protestos é respeito.
Juliana Verboonen e Peter Cabral