A recente mudança no limite de velocidade nas pistas das marginais gerou enorme repercussão em São Paulo. A prefeitura alega ter feito estudos que demonstram que a gravidade dos acidentes diminui quando a velocidade dos veículos envolvidos é menor.
A Abramet, Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, cita em artigo uma pesquisa do departamento de tráfego britânico que mostra que em colisões a 48km/h, 45% das vítimas morrem e 5% sobrevivem. Quando a velocidade sobe para 64km/h, 85% morrem e 15% ficam feridas.
Esse raciocínio é até instintivo. Quanto mais lento o deslocamento, menor o impacto. Mas, a questão é: qual a velocidade ideal para que os veículos se desloquem em segurança? Para ser coerente, a estrutura viária da cidade tem de ter uma lógica.
Uma via de bairro, com estacionamento lateral, diversos semáforos e pedestres atravessando a pista precisam do tráfego acalmado. Diferente do que acontece naquelas em que não há cruzamentos em nível, como as marginais e 23 de Maio, por exemplo.
Falta à prefeitura apresentar os estudos específicos sobre as marginais e mostrar coerência no sistema viário. É importante que esta transparência exista para que a população acate essa medida como algo benéfico.
Nas redes sociais, em geral, a reclamação é o tempo extra que seria gasto para percorrer as marginais. As pessoas alegam que demorariam muito mais para fazer o trajeto. Porém, analisando a situação extrema na marginal do Tietê na qual um veículo percorre toda a extensão da via na velocidade máxima, observa-se que após a redução de 90km/h para 70km/h, o motorista gasta 4 minutos a mais.
Se o trajeto passar apenas por um trecho da marginal, essa pessoa vai demorar um ou dois minutos a mais para fazer o percurso. Desta forma, o impacto é quase insignificante na rotina dos motoristas. O que incomoda é a falta de clareza na mudança.