A partir de julho, São Paulo pode ter novas empresas operando os ônibus. A prefeitura anunciou que a licitação deve ser uma das maiores do mundo. A movimentação pode atingir até 90 bilhões de reais em quinze anos.
A concorrência deve ser grande. Há expectativas, inclusive, de que empresas estrangeiras participem. Se isso ocorrer, pode haver uma mudança brusca no sistema e em tudo o que se conhece de transporte coletivo na cidade.
Hoje, as companhias que operam os ônibus no Brasil são – na maioria dos casos – comandadas por famílias tradicionais. O maior grupo é o Guanabara, que fica no Rio de Janeiro e pertence à família Barata. O faturamento, de acordo com a Advisia Investimentos, é em torno de 1,69 bilhão de reais ao ano.
Em segundo lugar, a Comporte de São Paulo fatura cerca de 1,58 bilhão. No comando do grupo está Nenê Constantino, fundador da companhia aérea Gol. Das dez maiores empresas de transporte rodoviário de passageiros do país, quatro estão em São Paulo. Por isso, o anúncio da nova licitação agitou tanto o mercado.
O setor já tem passado por adequações nos últimos anos. Houve fusões para que pudessem prosperar nos negócios. A Pássaro Marrom, por exemplo, passou a integrar o grupo Comporte. A Saritur, de Minas Gerais, incorporou quatro bandeiras recentemente.
A entrada de novas empresas deve ser benéfica. A disputa pode reduzir margens de lucro e beneficiar o poder público nas negociações. Por outro lado, novas tecnologias podem ser implantadas e isso será sentido pela população.
Quem assumir terá a oportunidade de resolver problemas como a adequação do tamanho da frota, frequência e fluidez dos veículos, capilaridade, pontualidade, criação de um mix de ônibus de acordo com a infraestrutura por onde transitam, demanda que atendem, deslocamento por troncais, alimentadoras e secundárias além da natureza origem/destino.
Para permitir maior concorrência, a prefeitura está desapropriando garagens e pátios de ônibus. Este era – segundo a gestão Haddad – um dos gargalos da concorrência. Assume-se assim, como foco principal, a qualidade técnica da proposta e os benefícios à cidade. Desta forma, as empresas atuais não sairiam com vantagem na licitação.
Juliana Verboonen e Peter Cabral